Hoje foi um dia de caminhar no meio deserto, praticamente em linha recta para sul, com a presença do mar sempre do nosso lado direito. O bombordo da terra. A maior ou menor proximidade do mar podia sentir-se nas variações de temperatura. A presença da água muda tudo. Nós somos quase só água. E tal como a água, alguns de nós são turbulência e outros são rios que vão suavemente para o mar.
A monotonia da estrada fez com que viajassemos mais dentro das nossas fronteiras. Dentro de nós, o tempo desaparece. O passado, mistura-se com o futuro no nosso presente.
O deserto é imenso. A areia do deserto é feita de tempo. De um tempo tão fino que escapa por entre os nossos dedos enquanto o tentamos agarrar.
Continuam a surgir alguns homens no meio do deserto caminhando em direcções que parecem sem destino. Um destes homens marcou-me pelo seu rosto sem expressão. Parecia ser só sombra.
Embora de forma diferente, senti que, às vezes, nos nossos dias, mesmo não indo à lado algum, andamos apressados. Outro tipo de deserto.
Amanhã entramos na Mauritânia Outro país. Outras fronteiras.
Obrigado a todos por estarem a viajar connosco 🚑💕💕